domingo, 20 de dezembro de 2009

BIBLIOGRAFIA PARA O ESTUDO DO LATIM

Enumero uma lista de Obras literárias que podem ser consultadas para aqueles que desejam se aprofundar no estudo da Língua Latina.

Alves, Francisco Manuel (Abade de Baçal) (1931): Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança VII, Os Notáveis. Porto.
Assunção, Carlos (1997): Gramática e Gramatologia. Braga: Edições APPACDM.
Assunção, Carlos (1998): “Amaro de Roboredo: Gramático e Pedagogo Transmon¬tano”. In: Estudos Transmontanos, Vila Real.
Assunção, Carlos e Fernandes, Gonçalo (2007): “Amaro de Roboredo, gramático e pedagogo português seiscentista, pioneiro na didáctica das línguas e nos estu¬dos linguísticos”. In: Roboredo, Amaro de: Methodo Grammatical para todas as Linguas. Edição facsimilada. Prefácio e Estudo Introdutório de Carlos Assunção e Gonçalo Fernandes. Vila Real: Centro de Estudos em Letras, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Colecção Linguística, 1: XI-CII.
EsparzaTorres, Miguel Ángel (1995): Las ideas lingüísticas de Antonio de Nebrija. Münster: Nodus Publikationen.
Fernandes, Gonçalo (2002a): Amaro de Roboredo, um Pioneiro nos Estudos Linguísticos e na Didáctica das Línguas. Tese de Doutoramento. Vila Real: Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.





Fernandes, Gonçalo (2002b): “A primeira gramática latina escrita em Português”.In: Revista Portuguesa de Humanidades, Vol. 6, Fasc. 1-2. Braga: Universidade Católica Portuguesa, Faculdade de Filosofia de Braga: 481-495.
Fernandes, Gonçalo (2004): “A Ianua Linguarum dos Jesuítas Irlandeses (Salamanca, 1611) e a Porta de Linguas de Amaro de Roboredo (Lisboa, 1623)”. In: Boletim de Estudos Clássicos, vol. 42. Coimbra: Associação Portuguesa de Estudos Clássi¬cos, Instituto de Estudos Clássicos da Universidade de Coimbra: 165-181.
Fernandes, Gonçalo (2005): “Ideias Pedagógico-Didácticas de Amaro de Roboredo”. In: Gramática e Humanismo, Actas do Colóquio de Homenagem a Amadeu Torres, Vol. I. Braga: ALETHEIA – Associação Cultural e Científica, Faculdade de Filo¬sofia, Universidade Católica Portuguesa: 331-346.XXXVIII
Fonseca, Maria do Céu (2006): Historiografia Linguística Portuguesa e Missionária: Preposições e Posposições no Século XVII. Lisboa: Edições Colibri, Colecção Estudos e Ensaios, 1.
Iesu, Industria Patrum Hibernorum Societatis (1611): Janua Linguarum sive Modus maxime accomodatus, quo patefit aditus ad omnes linguas intelligendas. Industria Patrum Hibernorum Societatis Iesu, qui in Collegio eiusdem nationis Salmanticae degunt, in lucem edita: & nunc ad linguam latinam perdiscendam accommodata. In qua totius linguae vocabula, quae fraequentiora, & fundamentalia sunt conti-nentur: cum indice vocabulorum, & translatione Hispanica eiusdem tractatus. Salamanca: Franciscum de Cea Tesa.
Kossárik, Marina A. (1997): “A Doutrina Linguística de Amaro de Roboredo”. In: Actas do XII Encontro da APL, vol. II, Linguística Histórica, História da Linguística. Lisboa: APL: 429-443.
Martins, Francisco (1597): Grammaticae artis integra institutio. Salamanca: JuanFernández.
Monteiro, Manoel (1746): Novo methodo para aprender a grammatica latina. Lisboa: Officina de Francisco da Silva.
Morcillo Expósito, Guadalupe (2005): “Francisco Sánchez de las Brozas y Francisco Martínez en Salamanca”. In: IV Congreso Internacional de Humanismo y Pervi¬vencia del Mundo Clásico (no prelo).
O’Mathuna, Sean P. (1986): William Bathe, S. J., 1564-1614, A pioneer in Linguistics. Amsterdam / Philadelphia: John Benjamins Publishing Company, Series III –Studies in the History of the Language Sciences, vol. 37.
Ponce de León, Rogelio (1996): “La pedagogía del latín en Portugal durante la primera mitad del siglo XVII: cuatro gramáticos lusitanos”. In: Cuadernos de Filología Clásica. Estudios Latinos. Madrid: Servicio de Publicaciones U.C.M., n.º 10:217 228.
Ponce de León, Rogelio (2000): “O Brocense na teoria gramatical portuguesa no início do Século XVII”. In: Revista da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Série “Línguas e Literaturas”, 19: 491-520.
Ponce de León, Rogelio (2001): “En Álvarez en Vernáculo: Las Exégesis de los De Insti-tutione Grammatica Libri Tres en Portugal durante el Siglo XVII”. In: Revista da Faculdade de Letras do Porto, Línguas e Literaturas. Porto: II Série, Vol. XVIII: 317-338.
Ponce de León, Rogelio (2003): “La difusión de las artes gramaticales latino-portu¬guesas en España (siglos XVI-XVII)”. In: Peníssula. Revista de Estudos Ibéricos. Porto: Instituto de Estudos Ibéricos, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 0: 119-145.XXXIX
Ponce de León, Rogelio (2004): “In grammaticos: en torno a las ideas lingüísticas de Francisco Martins († 1596)”. In: Penísnsula. Revista de Estudos Ibéricos. Porto: Instituto de Estudos Ibéricos, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 1: 215-234.
Ponce de León, Rogelio (2006): “De pasiones gramaticales: en torno a las Obieiçoës contra esta Grammatica, & repostas a ellas de Amaro de Roboredo”. In: Penín¬sula. Revista de Estudos Ibéricos. Porto: Instituto de Estudos Ibéricos, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 3: 61-99.
Roboredo, Amaro de (1615): Verdadeira grammatica latina, para se bem saber em brevetempo, scritta na lingua Portuguesa com exemplos na Latina. Lisboa: PedroCraesbeek.
Roboredo, Amaro de (1619): Methodo Grammatical para Todas as Linguas. Inclui: Recopilaçam da grãmatica portugueza, e latina, pela qual com as 1141 sentenças insertas na arte se podem entender ambas as linguas. Lisboa: Pedro Craesbeek.
Roboredo, Amaro de (1621): Raizes da Lingua Latina mostradas em hum trattado e diccionario, isto he, hum compendio do Calepino com a composição, e derivação das palavras, com a ortografia, quantidade e frase dellas. Lisboa: Pedro Craesbeek.
Roboredo, Amaro de (1623): Porta de linguas ou modo muito accommodado para as entender publicado primeiro com a tradução Espanhola. Agora accrescentada a portuguesa com numeros interliniaes, pelos quaes possa entender sem mestre estas linguas o que as não sabe, com as raizes da Latina mostradas em hum compendio do Calepino, ou por melhor do Tesauro, para os que a querem aprender, e ensinar brevemente; e para os estrangeiros que desejão a Portuguesa, e Espanhola. Lisboa: Pedro Craesbeek.






Roboredo, Amaro de (1625): Grammatica Latina de Amaro de Roboredo. Mais breve, e facil que as publicadas até agora na qual precedem os exemplos aas regras. Lisboa: Antonio Alvarez.
Roboredo, Amaro de (2002): Método Gramatical para todas as Línguas. Edição facsi-milada. Estudo Introdutório de Marina Kossárik. Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda.
Roboredo, Amaro de (2007): Methodo Grammatical para todas as Linguas. Ediçãofacsimilada. Prefácio e Estudo Introdutório de Carlos Assunção e GonçaloFernandes. Vila Real: Centro de Estudos em Letras, Universidade de Trás-os- Montes e Alto Douro, Colecção Linguística, 1.
Sanches, Pedro (1610): Arte de Grammatica, pera em breve se saber Latim: Composta em lingoagem, e verso portugues. Com hum breve vocabulario no cabo, e algüas phrases latinas. Lisboa: Officina de Vicente Álvares.
Sánchez de las Brozas, Francisco (1562): Minerva seu de Latinae linguae causis etelegantia. Lugduni.XL
Sánchez de las Brozas, Francisco (1587): Minerva seu de causis linguae Latinae.Salmanticæ: Apud Ioannem, et Andream Renaut, Fratres.
Sánchez de las Brozas, Francisco (1595): Verae breuesque grammatices latinae insti-tutiones. Salmanticæ.
Sánchez de las Brozas, Francisco (1981): Minerva (1562) o de los fundamentos yelegancia de la lengua latina. Introdução e tradução de Eduardo del EstalFuentes. Salamanca: Edições da Universidade de Salamanca, Acta Salmanti-censia, Col. “Filosofia y Letras”, n.º 132.
Sánchez de las Brozas, Francisco (1995): Minerva o de causis linguae Latinae. Libri I, III, IV (Introducción y edición Eustaquio Sánchez Salor), Liber II (edición C. Caparro Gómez). Cáceres: Institución Cultural El Brocense, Universidad de Extremadura.
Sánchez Salor, Eustaquio (1995): “Introducción”. In: Brozas, Francisco Sánchez de las, Minerva o de causis linguae latinae. Cáceres: Universidad de Extremadura, Servicio de Publicaciones, e Institución Cultural «El Brocense».
Sánchez Salor, Eustaquio (2002): De las “elegancias” a las “causas” de la lengua: retó¬rica y gramática del humanismo, (Colección de Textos y Estudios Humanísticos “Palmyrenus. Serie Estudios I). Alcañiz: Instituto de Estudios Humanísticos; Madrid: Ediciones del Laberinto / Consejo Superior de Investigaciones Cientí-ficas; Cádiz: Universidad, Servicio de Publicaciones. Zaragoza: Universidad, Servicio de Publicaciones; Teruel: Instituto de Estudios Turolenses.
Torres, Amadeu (1984): “Humanismo Inaciano e artes de gramática, Manuel Álvaresentre «ratio» e o «usus»”. In: Bracara Augusta, 38, n.º 85-86 (98-99). Braga: 173 189.
Torres, Amadeu (1986): “Gramática da Língua e Gramática da Comunicação”.In: Diacrítica, 1. Braga: Centro de Estudos Portugueses, Universidade do Minho: 23-29.
Torres, Amadeu (1987): “Arte ou Ciência, a Gramática?”. In: Diacrítica, 2. Braga: Centro de Estudos Portugueses, Universidade do Minho: 5-15.
Torres, Amadeu (1998): Gramática e Linguística: Ensaios e Outros Estudos. Braga: Universidade Católica Portuguesa, Faculdade de Filosofia - Instituto de Letras e Ciências Humanas, Centro de Estudos Linguísticos.

VERDADEIRA GRAMÁTICA LATINA

AMARO DE ROBOREDO

Este português no século XVII foi o mais importante gramático, pois entre os anos de 1615 e 1625 publicou algumas obras da historiografia lingüística portuguesa e latim. Amaro nasceu em Algoso, Portugal.
Suas principais Obras foram:

- Verdadeira grammatica latina para se bem saber em breve tempo, scritta na lingua Portuguesa com exemplos na Latina, 1615 (Lisboa: Pedro Craesbeeck)
- Regras da Orthographia Portu¬gueza (Lisboa: António Álvares)
- Methodo Grammatical para Todas as Linguas (1616,Lisboa: Pedro Craesbeek)
- O dicionário Raizes da Lingua Latina mostradas em hum trattado e diccionario (1621,Lisboa: Pedro Craesbeek).
- Porta de línguas(1623) ou modo muito accommodado para as entender
- Grammatica Latina de Amaro de Roboredo. Mais breve, e facil que as publicadas até agora na qual prece¬dem os exemplos aas regras (1625,Lisboa: Antonio Alvarez).


CRITICA A VERDADEIRA GRAMÁTICA LATINA

Os opositores ao sistema pedagógico de ensino de Latim feito por Roboredo tinham 8 objeções, que transcrevemos na íntegra conforme o português falado na época:

i. “Se este modo de grammaticar fora bom ja pelos antigos stevera ensi¬nado” (Ibidem: ff. 56 v.-57 r.);
ii. “Quando este methodo fora de proveito os que teem carrego publico de ensinar, o pratticarão (Ibidem: ff. 57 r.-57 v.);
iii. “Nas Conjugações faltão modos, & algüs tempos” (Ibidem: ff. 57 v.-58 v.);XXV
iv. “E[sta Arte h]e falta de rudimentos & diminuta no genero” (Ibidem:ff. 58 v.-59 r. );
v. “He demi[n]uta nas partes da oração, porque todos ensinaõ oito” (Ibidem: ff. 59 r.-62 r.);
vi. “He falso [reger todo o] verbo, que não for passivo, accusativo, & n[ão regerem] os [ver]bos neutros dativo, & outros ou[tro caso] (Ibidem:ff. 62 v.-64 r.);
vii. “E[sta] Grammatica da regencia por diante he mui larga, [para] a bre¬vidade que promete, & assi não fica mais curta que muitas que hoje se ensinaõ” (Ibidem: ff. 64 r.-64 v.);
viii. “Devia esta grammatica ser scritta na lingua latina assi para ornamento della como para os principiantes se acostumarem aa pronunciação das palauras latinas, & saberem suas significações” (Ibidem: ff. 64 v.-67 r.).


Amaro no Prólogo de introdução a sua Gramática destaca alguns fatores importantes que a sua gramática trazia de contribuição que a diferenciava de outras gramática da época, quando o ensino de Latim era bastante difundido:


A diligencia, que algüs teverão em acrescentar a Grammatica para que não ficasse diminuta, teverão outros em a diminuir, para que não fosse superflua (…). Fugindo pois extremos quanto pude, elegi do muito, o necessario, & de muitos o melhor, mais breve, & facil (Roboredo 1615: “Prologo”, ¶ 3 r.).

Por se não saber primeiro a língua Materna per arte, vão na Latina Mestres, & Discípulos morrendo com ambas juntas (…). Pode ser que seja eu o primeiro, que rompa o mato da minha Materna, como melhor soffrerem suas muitas irregularidades; exposto aos encontros de muitos que quererão defender suas Orthographias, cujas raizes ignoradas serão patentes na Grammatica: Et nos manum ferulae subduximus (Idem 2007: “Prologo”, b. 1v. [18])

Facil fora screver a arte em latim, mas absurd[u]m est scientiam simul, & modum scientiæ quærere, di[z Ari]stoteles, & Soares acerca do mesmo lugar (Ibidem: f. 64 v.);

Ninguem aprende hoje grammatica pelas que stão scrittas em latim, por mais que o discipu[lo] quebre a cabeça repetindo infinitas vezes o que não [ent]ende, senão da boca do mestre, que tambem quebra a [su]a em lhe querer meterna memoria as significações das p[a]lavras, & o conceito das regras (Ibidem: f. 65 r.).

O methodo he o mais facil, que me occorreo, ainda que largo por tocar com clareza cousas novas, & satisfazer a velhas, sem o que não seria a novidade bem acceita: porque o que stà acqui[rido em] boa fee per longo tempo, hedifficultoso deixar em breve: porq o discípulo decòre soomente os artigos apontados com esta dicção, Discipulo, & o mestre explique os que mostra esta, Mestre, para que fiquem entendidos: porq nem o discipulo deve decorar tudo, nem a arte ser falta delle (Idem 1615: “Prologo”, ¶ 3 r.).


O trabalho empregarà na muita explicação de livros, em que consiste tudo, & dos quaes aprendemos hoje a lingua Latina. Donde primeiro se ha de resolver, que compor: & logo hüa, & outra cousa reciprocamente, porque o que não sabe traduzir em lingua materna a oração, que o mestre lhe resolve em suas partes naturaes, [não sa]be traduzir a materna na latina, nem mutilala confo[r]me o uso, nem inteirala conforme a Grammatica (Ibidem: “Prologo”, ¶ 3 r.).

E por ser [a] primeira arte das liberaes, pareceo bem fazer com ella po[…]ria aas duas seguintes, para que a proporção de […]e ellas facilite ao principiante a aprensaõ. Se ao orador pois da a a Logica para a sua oração, invëção, & disposição, & a Rhetorica o ornamëto, tãbë ao grammatico para a sua lhe offerece esta arte as primeiras quatro [divi]soës de [i]nvenção, & as cinquo seguin[t]es de disposição, & [a] ultima para ornamento com [a] variedade de decli[n]ações, & figuras. E se algüs Rhetoricos meterã[o] na disposição a memoria, também lhe responde o artigo terceiro da divisaõ [qu]inta, onde começa nossa disposição. E se no fim de […] [tra]ttão a pronunciação daoração, tambem no fim do nosso ornato trattamos a pronunciação da dicção, & per conseguinte da mesma oração: la como orador, aqui como grammatico (Ibidem: “Prologo”, ¶ 4 r.).

A muitos, q se sabem não sa[be]m sair do que studarão, não pude bem per¬suadir a brevidade deste methodo: porem não faltando o trabalho do mestre(deixando ingenhos tam excellentes, & laboriosos, que em seis meses esgo¬tarão a Grammatica) os que em dez, ou doze a não perceberem, ou andao distrahidos, ou não studão, ou não teem ingenho natural para esta (Ibidem: “Prologo”, ¶ 3 v.);

O intento de tudo, não he publicação de nome vão em cousa tal, & que qual¬quer melhor fezera, mas o proveito do proximo a quem lembro se deseja grammatica, que se aproveite, & ao censurador, que antes da sentença leèa as repostas das objeições, que vão no fim: & se determina examinar affeito ao que studou, ou leo, não passe dàqui, porque vai o juizo suspeito, & [tu]do lhe descontentara: soomente fique sabendo, que [s]e pode per este caminho saber em hum anno, o que [per o]utros em tres, & quatro, no cabo dos quaes fi[c]ão os [stu]dantes sufficientes para começar, perdendo gastos[, g]astando tempo irrecuperavel (Ibidem: “Prologo”, ¶ 4 r.).

Participou este Methodo o aborrecimento do outro tambem apressado diri¬gido sô aa Latina, em que não fiz mais que provar a pena, & juntamenteas mordeduras. Porque lhe chamarom confuso, deminuto, instavel; nemquerião que se intitulasse verdadeiro, ainda que de sua verdade constasse. Arguião per hum dos argumentos de sua Logica, que he Enthimema de ante-cedente calado, assi: Eu não entendo este Methodo; logo elle não presta.O Antecedente por lhe tocar calarão: o Consequente por perjudicar, publicavão (Idem 2007: “Prologo”, a 2 r. [11]).

A diligencia, que algüs teverão em a[c]rescentar a Grammatica para que não ficasse diminuta, teverão outros em a diminuir, para que não fosse superflua, que discursos de mortaes carecem de [c]onsistencia. Fugindo pois extremos quanto pude, elegi do muito, o necessario, & de muitos o melhor, mais breve, & facil a quem imito. Este hè o Doutor Francisco Sanchez, a qu[e]m tambem seguirão os reformadores de Nibrissense no anno de nouenta, & oito, se elle não foi o principal (Idem 1615: “Prologo”, ¶ 3 r.).

As concordias, regencias, & partes da oração, & outras regras, ainda que em parte pareção fora do uso, saõ fundadas em philosophia: & assi servem para as outras linguas Grega, Hebraica, &c. Que não he pequeno atalho, pois soo com declinar, & conjugar advertindo as particularidades, que teverem de genero, & preteritos, se podem perceber, despois [da L]atina (Ibidem: “Prologo”, ¶ 3 v.).



As artes de accentuar, medir, & metrificar saõ tão conjuntas aa Grammatica, que muitos as fazem partes della: porque de concordar, & reger dicções, a entoalas, & medilas ha pouca distancia; assi como da oração solta aa ligada. Porem não saõ partes da grammatica, porque a Accentuaria he arte de entoar syllabas, & dicções, tem por fim hüa dicção bem entoada: a Mensuraria hè arte de medir syllabas, & dicções per pronunciações temporaes; seu fim hè a dicção bem medida: a Metrifica ensina a medir versos, tem por fim a oração ligada com certas m[e]didas, & certo numero dellas: a Accentuaria respeita a [or]ação solta, & rhythma: Mensuraria o pee, & metro: a Me[trifi]ca o verso, poema, & poesia, como fiïs remotos (Roboredo 1615: f. 48 v.).


Gonçalo Fernandes, Rogelio Ponce de Leon e Carlos Assunção fazem a seguinte declaração sobre a importância da Gramática latina de Amaro:
A Verdadeira grammatica latina, para se bem saber em breve tempo, scritta na lingua Portuguesa com exemplos na Latina (Lisboa 1615) de Amaro de Roboredo é um marco na historiografia linguística portu¬guesa, pela ruptura epistemológica que o seu autor procurou aplicar ao ensino da língua latina em Portugal: é a segunda gramática latina escrita em Português; Amaro de Roboredo pretendeu um equilíbrio entre a ratio e o usus, de modo a satisfazer quer as necessidades de aprendizagem dos alunos quer de ensino dos professores, especifi¬cando o que devia ser trabalhado pela memória daqueles e o que devia ser exposto nas aulas por estes; organizou o curso em dois níveis ou fases, o inicial e o de consolidação, particularizando a aprendizagem de um sequencialmente e de outro em espiral ou “circulo”; e sistemati¬zou aquilo que hoje são classificados pela linguística como morfemas casuais e modotemporais, de modo a visualmente os alunos estabele¬cerem as conexões respectivas.

MODOS DE VERBOS EM LATIM

Nomin. 1. Musa 2. Dominus [3. Sermo] [4. Sensus] [5. Dies]
a us um [o u]s us u es
Genit. æ I is us u ei
Dat. æ O i ui u ei
Accus. am um um em us um u em
Vocat. [a] e um o us us u es
Ablat. a O e u u [e]
N. Plural
Nomin. æ i a es a us a es
Genit. arum orum um uum erum
Dat. is Is ibus ibus ebus
Accus. as os a es a u[s] a es
Vocat. æ i a es a us a es
Ablat. is Is ibus ibus ebus

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CLASSES DAS PALAVRAS

As classes de palavras em latim são geralmente oito, mas dependendo do gramático há divergência como lembrou Roboredo em resposta as críticas a sua VERDADEIRA GRAMÁTICA LATINA que enumera apenas 5 classes de palavras:

Muitos Autores em numero não saõ equivalen[t]es a[…], & ainda que muitos ensinem o[ito p]artes, n[em t]odos: porque os Logicos com Aristoteles cont[ão duas. D]a mesma opiniaõ foi Varrão, & despois por senten[ça de] Dião numerou tres: & tantas, ainda que mal, numerão os Hebreos: hum moderno segue quatro, Nome, Verbo, Conjunção, & Adverbio: Os Stoicos cinquo, Nome, Appellatio, Verbum, Pronomen, Coniunctio. Francisco Sanchez seis. S. Agostinho na sua Grammatica sete, por¬que regeitou a interjeição. Quintiliano com Aristarcho, & Palaemon, Charisio, Diomedes, Donato, Probus, Phocas, Asperus Iunior, Erasmo, Vasaeo, Despauterio, Scaligero, Manoel Alvarez, Pedro Sanchez, & outros que seria processo referir oito. Nibrissense acrescentou o Gerundio. Servio che¬gou a onze: Prisciano diz que algüs fezerão nove, algüs dez, outros onze, outros doze (Roboredo 1615: f. 59 v.).





Roboredo parece ter se inspirado no escrito MINERVA de Pedro Sanches que usa os mesmos argumentos e quase as mesmas palavras com o seguinte texto em latim:

“Dividimus igitur orationem in voces seu dictiones, et has vocamus partes orationis. In quibus tanta est inconstantia grammaticorum, ut nihil certi nobis adhuc potuerint constituere. Varro duas ponit; deinde ex sententia Dionis tres [...]. Quintilianus ostendit ab Aristarcho, quem frequenter sequitur Varro, octo partes esse factas. Sed idem Quintilianus ad undecim progressum fuisse ostendit [...].Servius item undecim agnoscit. Nebrissensis, cum octo primum constituisset, addidit in cons-tructione gerundia, ut ipse vocat, et supina, quod et ab aliis accepisse testatur (Sánchez de las Brozas 1995: 46-48).”

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

PALAVRAS COM A LETRA C EM LATIM


C0NTINUATUS
ato continuo

CONSTANTIA
invariabilidade
CONTRÃ
em sentido contrário, frente a frente
CORNUS
corno
COROLLA
pequena coroa, grinalda







CORONA
Coroa
CORPORALIS
relativo ao corpo
COSTA
Costela
CRAS
amanhã
CREO
Nascer, engendrar, produzir
CREPO
crepitar, estalar
CRIMEN
decisão, calúnia, crime, erro
CUPIO
Desejo ardente, cobiça
CUR
por quê? Por que razão?
CURA
administração, cura. Guardador, inquietação, cuidado
CURIOSITAS
desejo de conhecer, investigação cuidadosa
CURSUS
corrida, viagem, marcha, curso
CYMBA
barco, canoa
CYTAE
cidade

PALAVRAS COM A LETRA A EM LATIM

PALAVRAS COM A LETRA A


ALIENUS
que pertence a outro
ANGUIS
serpente, cobra
ANIMÃBILIS
vivificante
ANIMÃTIÕ
ser animado
ANNÃLIS
livro de anais
APRICOR
aquecer-se ao sol
APRILIS
abril, mês consagrado a Vênus
APTUS
ligado, preparado
AQUOR
fazer provisão de água
ARMÃTUS
armado, equipado
ARO
cultivar os campos
ARVUM
campo, terra lavrada
ASINUS
burro
ASPER
nome romano
ASTRUM
astro, estrela



ASTUTIA
habilidade, astúcia, trapaça
AURUM
ouro
AVIARIUM
galinheiro
AVIDUS
Avarento
ÃVÕCÕ
chamar de parte

OBRAS EM LATIM

Muitas literaturas importantes dentro os acervos da humanidade foram escritas em idioma LATIM, entre estes está a primeira tradução da Bíblia para o LATIM nos idos no quarto século , obra que veio a se chamar VULGATA, porque foi escrita em LATIM VULGAR, uma ação visando tornar a PALAVRA DE DEUS acessível ao povo latino.





Procurando auxiliar os alunos do ensino médio da língua portuguesa, isso nos anos de 1956 foi publicado o DICIONÁRIO ESCOLAR LATINO- PORTUGUÊS, obra organizada por ERNESTO FARIA e foi publicado pela CAMPANHA NACIONAL DE MATERIAL DE ENSINO, esta obra coletou vocabulários de uso corrente no período clássico da língua.